Escrever é sacudir o sentido do mundo, já dizia uma pensador. E escrever crônicas é sacudir o mundo Interior, particular. Da observação, da reflexão e, porque não dizer, da emoção.
Desde que me conheço por gente, tenho essa facilidade. Ver, olhar, observar e registrar um pouco do mundo que me cerca. Esse o sentido da crônica, jogar o foco de luz da batida do coração e sentir as agruras das pessoas, seus problemas, porém igualmente exaltar suas alegrias, suas descobertas, seu mundo assentado no tempo.
Esta explicação dou não como registro simplório que define o provérbio de nenhum dia sem uma linha, mas é a justificação de crônica pela crônica, uma experiência que faço todo ano com esses textos quotidianos, que publico ou posto aqui.
É o captar as coisas externas, jogá-las no mundo das letras e transformá-las em texto simples, conotativo e de sensações múltiplas. É o mundo visto de cima, do observador da vida que se transmuta em relator de fatos, pedaços de vida, frases de aulas, motivos de viver e de sobreviver. Uma conversa ao pé do ouvido do leitor. Mas também fisgada da natureza espremida do interior do peito, remoendo proezas, remexendo sentimentos e expondo realidades íntimas do ser. É a alma do poeta, do cronista, do escritor, colocada pra fora, desbravando novos rumos e caminhos recônditos em busca de um texto literário, compreensível, imediato, da hora, de uma emoção cativa e de um pouco de diversão para os leitores. Bom proveito aos que se aventuram nessa floresta de palavras de Alice, no encontro de seu destino, de seu pedaço de vida, que corre nas veias e murmura suas preces ao mundo da fantasia e da realidade, pois a crônica é o dia a dia, a hora da hora, a intimidade do buscador de emoções.
Nesse sentimento que escorre da palavra na justaposição de fatos e emoções que só os que têm esse espírito criativo e observador podem ser capazes de externá-las em poucas linhas. Linhas do cotidianamente possível, onde está o sentido da vida. (Prefácio do livro Quotidianamente, 2020)